Deus não nos abandonou!
- Coisas do Alto
- 17 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
A Palavra de Deus para nós hoje é uma palavra de esperança, de conforto e de cuidado. O Senhor nos ama, nos guarda e sabe das nossas necessidades. Ele não nos abandona jamais.
Muitas vezes, diante dos fatos, das situações pelas quais passamos, podemos nos sentir abandonados por Deus. Olhamos, por exemplo, para a situação atual, para a pandemia, todos os dias temos notícias de desesperança, de medo, de insegurança, centenas e centenas de vidas que são ceifadas por um vírus invisível, mas não só isso! Tantos passando fome, situações de desemprego em nossa família, ou mesmo conosco. Enfim, um clima de incertezas, de medo e de morte, de incapacidade, de sofrimento e muitas vezes de abandono. Parece que o Senhor nos abandonou!
A primeira leitura de hoje é como um bálsamo para nossas almas, pois diante de todas essas situações temos a certeza de que Deus não nos abandona nunca, Ele cuida de nós e por isso, em tudo o que vivemos devemos ser movidos à ação de graças por este Deus tão bom, pois em todo o tempo Ele é bom!
Como o profeta podemos dizer: "O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim". Mas o Senhor vem nos dizer "acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti" (Is 49, 15).
Vejamos que promessa maravilhosa para nós hoje! O Senhor não nos esquece, tem Seus olhos fixos em nós, como filhos pequenos, indefesos, incapazes, fracos, podemos confiar que temos um Pai que nos coloca sobre seus ombros, como um Bom Pastor, e nos conduz em segurança.
Um vírus não possui poder algum diante da onipotência do nosso Deus. É preciso ter os olhos voltados para o Pai, pois somente em Deus encontramos força, segurança e esperança. Se ficarmos centrados nos acontecimentos, nos sofrimentos perderemos a esperança e a fé, por isso é preciso voltar para Deus. E veja que oportunidade Deus dá a todos nós neste tempo: a oportunidade de voltarmos à casa do Pai, de fazer esta experiência de avivarmos em nós a fé, a esperança e o amor. De olharmos para tudo isso e refletirmos sobre a fragilidade da vida terrena, de resgatarmos em nosso coração a consciência de que há uma vida eterna, para a qual fomos criados... e como temos nos preparado para ela?
Como nos diz o evangelho de hoje "vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão; os que tiverem praticado o bem, para uma ressureição de vida; os que tiverem praticado o ma, para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5, 28-29).
Pergunto mais uma vez: como temos vivido a nossa vida? Como se tudo acabasse aqui? Como se não existisse uma eternidade para ser vivida (na glória ou na condenação eterna)?
Nossos olhos estão fixos na nossa vida de hoje? Nos nossos bens? Nos nossos entes queridos? Temos medo de morrer? Por qual motivo? Não acreditamos na vida eterna? Ou temos medo da condenação eterna?
Novamente relembro: Deus tem nos dado, neste tempo, a oportunidade única de nos aproximar d'Ele, nos reconciliar com Ele. É tempo de "buscar as coisas do alto", é tempo de alimentar em nós a esperança contra toda desesperança, a fé contra toda incredulidade, a vida eterna contra toda morte.
Temos uma preocupação muito grande em cuidar da vida terrena, nos esquecemos completamente da eternidade. Por isso, quando chega o sofrimento, a dor, a morte, situações como as que temos vivido nestes tempos, passamos a nos indagar se Deus realmente nos ama, se Ele olha para nós, se Ele existe. Isso porque nossa vida não está enraizada n'Ele, nossa casa não está construída sobre a rocha, mas sobre a areia.
Você já parou para pensar que o sofrimento é o meio pelo qual podemos unir as nossas vidas ao sofrimento de Cristo na cruz? Que o nosso sofrimento é oportunidade para purificarmos a nossa alma a fim de ganharmos o céu? Quando percebermos que há um sentido no sofrimento, quando conseguirmos olhar além desta vida, iremos entender que até este sofrimento vivido por tantos é carinho e cuidado de Deus. Talvez seja o único meio pelo qual muitos farão uma experiência profunda com o amor de Deus. Talvez seja a única maneira pela qual muitos compreenderão que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a salvação eterna.
Hoje vemos pessoas pobres e ricas dividirem a mesma ala de UTI, pessoas muito bem financeiramente que, apesar de todo o dinheiro que possuem, não podem comprar um respirador, e aguardam na mesma fila junto com tantos outros das mais diversas condições. A doença, esta pandemia de forma especial, mostram a nossa igualdade diante de Deus. Pode ser que o caixão daquele mais abastado será melhor, com mais detalhes em dourado, pode ser que o túmulo de um seja uma obra de arte, e do outro apenas um buraco no chão... mas todos, sem exceção, estarão no mesmo lugar após a morte: face a face com Deus e serão julgados pela mesma justiça.
Não estou aqui vulgarizando ou mesmo sendo indiferente ao sofrimento de tantos, mas toda essa situação precisa nos levar a refletir sobre a fragilidade da nossa vida e sobre a existência de uma vida eterna.
Aproveitemos este tempo! Busque reconciliar-se com Deus, faça esta experiência com Aquele que te criou, que te sustenta e que não te abandona jamais. Peça ao Senhor que aumente a sua fé e sua esperança. Há uma vida que nos aguarda, uma vida conquistada por Cristo para cada um de nós. Somos apenas peregrinos rumo à pátria celeste.
"Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória” (Colossenses 3, 1-4).
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