A oferta que agrada o coração de Deus

No evangelho de hoje Jesus nos revela que "se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, e depois virá apresentar tua oferta" (Mt 5, 23-24).

A oferta que agrada o coração de Deus é a reconciliação, o perdão, a nossa atitude de misericórdia para com o outro. Precisamos nos esforçar para termos um coração reconciliado, pois isso é viver o amor.

A falta de reconciliação nos torna pessoas amargas. Existem pessoas (como eu e você) que carregam mágoas, ressentimentos, que são rancorosas, cheias de feridas por situações do passado, que dizem "já perdoei, mas não quero mais ver tal pessoa", ou mesmo que, na primeira oportunidade, fazem questão de lembrar ao outro uma situação vivida há dez, vinte, trinta anos, relatando nos mínimos detalhes o que aconteceu, o quanto aquilo a magoou, o quanto aquilo a fez sofrer, enfim, pessoas que, como os museus, vivem do passado, não conseguem seguir adiante, ficam estagnadas e ruminam por toda vida situações antigas.

Talvez, quando refletimos sobre isso, nos lembramos de alguém que é assim,.. mas e nós? Será que também não agimos desta maneira? Será que não somos assim? Será que não temos dificuldades em dar o perdão àquele que nos feriu? Um perdão que seja sincero, que lança fora todo mágoa e sofrimento? Talvez também tenhamos dificuldades para pedir perdão, termos a humildade de, diante do outro, reconhecer que somos passíveis de erro, que não somos perfeitos. Será que conseguimos viver essa humilhação?

Quantas vezes sofremos com doenças que nada mais são do que fruto do ressentimento, das mágoas, dos rancores!

A oportunidade que temos para perdoar e pedir o perdão é apenas hoje! O próprio Jesus é quem nos diz: "Assume logo uma atitude reconciliadora com o teu irmão" (Mt 5, 25). Pode ser que amanhã não seja mais possível pedir perdão para alguém ou mesmo perdoá-lo, pode ser que, ao levar a tua oferta ao altar e se lembrar de que o teu irmão tem algo contra ti não seja mais possível deixá-la ali, diante do altar, e ir reconciliar-te com ele...

Muito mais do que pregar o amor, precisamos viver este amor, em nossa casa, no nosso matrimônio, com nossos filhos, pais, irmãos, em nosso trabalho, na rua, no mercado, no trânsito (sim, no trânsito!), no WhatsApp, nas redes sociais, enfim, em todos os lugares precisamos ser amor e espalhar amor.

Muitas vezes queremos viver nossa fé por meio de conflitos, disputas, brigas. Vivemos hoje em um mundo que, em nome da Verdade, em nome de Cristo, se promovem guerras, discórdias e disputas. Aqui vale lembrar o grande ensinamento de São Josemaria Escrivá:

"O zelo nunca deve ser amargo; a sua correção nunca deve ferir; o seu exemplo nunca deve ser uma bofetada moral, arrogante, na cara do próximo" (Forja, n. 578).

Não precisamos nos sentir obrigados a dar lições de moral e marcar posição imediatamente diante de situações contrárias à moral. Por isso faz-se necessário clamar pelo dom do Conselho, a fim de sabermos aguardar o melhor momento de ajudar o próximo com uma palavra. Já imaginou se Jesus tivesse se dirigido a Zaqueu e dito: "Zaqueu, seu ladrão, desde logo dessa árvore e devolve o que você roubou! Patife! Sem Vergonha! Tome vergonha na sua cara, deixe de ser esse pecador miserável e siga-me agora!". Certamente Zaqueu teria subido ainda mais alto na árvore para esperar que Jesus fosse logo embora, depois desceria e voltaria à vida de sempre. Quantas vezes nós não fazemos isso com o próximo? Na ânsia de evangelizarmos, de ganharmos uma alma, acabamos por perder por nossa falta de amor e discernimento em saber a hora e o lugar para ganhar uma pessoa para Cristo...

Peçamos a Deus esta graça de termos um coração reconciliador, que se aproxima do próximo para perdoar e para pedir perdão, para amar e revelar a Verdade e o amor de Cristo.