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Chamados ao Amor Incondicional

  • Coisas do Alto
  • 27 de fev. de 2021
  • 5 min de leitura

No evangelho de hoje nos deparamos com o núcleo central da mensagem evangélica: o amor. Nada há de mais importante para aquele que segue a Jesus do que praticar o amor.


Jesus revoga a lei antiga que dizia para amarmos o nosso próximo, mas sem a obrigação de amar os inimigos e promulga a nova lei: "eu porém vos digo, amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, desse modo vos tornareis filhos de vosso Pai que está nos céus" (Mt 5, 44-45).


Amar aqueles que gostam de nós, que partilham da mesma fé, dos mesmos princípios, amar aqueles que querem o nosso bem não é algo tão difícil e desafiador quanto amar e orar por aqueles que são indiferentes à nossa fé, que vivem e pregam uma ideologia própria, uma "verdade" sua. Na prática do dia-a-dia o desafio está em amar, por exemplo, aquele seu chefe quase insuportável, aquele colega de trabalho que tanto te afronta ou que busca de alguma forma te prejudicar para crescer profissionalmente "subindo" sobre os outros. Podemos dar diversos exemplos de situações onde somos chamados a amar, e amar incondicionalmente (e ressalte-se aqui que não estou falando de aceitar o pecado do outro, mas amá-lo apesar das suas misérias e pecados, como o próprio Jesus fez e ensinou).


Se formos levar em conta o verdadeiro sentido da palavra preconceito iremos verificar que, em muitas situações, somos sim "preconceituosos", ou seja, antes mesmo de conhecer uma pessoa já construímos sobre ela um "pré-conceito".


Ontem, ao assistir o filme "Deus não está morto 2" acabei justamente refletindo sobre essa questão. Para quem nunca o assistiu (e fica aqui o convite) trata-se da história de uma professora que estava sendo julgada por supostamente ter falado o nome de Jesus e ter citado algumas de Suas falas durante uma aula de história na escola.


Durante o julgamento, um dos jurados, que era pastor, teve que ser substituído após um mal súbito. Sua substituta era uma jovem cujo cabelo era azul e rosa, usava batom azul, roupas pretas e tatuagens. O advogado da professora e a própria professora ao verem a jovem expressaram no olhar a decepção da troca do pastor por aquela moça, aparentemente avessa à fé.


Para surpresa de todos, ao final do julgamento, a jovem sorriu para a professora e, quando se virou, foi possível ver que possuía uma tatuagem no formato da cruz em sua nuca. Ou seja, talvez aquela jovem que aparentemente condenaria a professora, foi uma das responsáveis por sua absolvição.


O que esta sequência de cenas nos leva a refletir? Quantas vezes, ao andar pelas ruas e nos deparar com os mais diversos tipos de pessoas, ou quando nos encontramos com uma pessoa pela primeira vez, apenas pelo nosso olhar vamos "classificando" cada uma delas pela sua roupa, cabelo, forma de agir ou falar, porém não temos qualquer conhecimento sobre em que acredita, o que pensa, sua história ou sua vida. Criamos "pré-conceitos", nos afastamos ou nos aproximamos de alguém baseados no nosso rápido (e justo?) julgamento. E veja que aqui nem estamos falando em amar aqueles que nos odeiam ou nos perseguem, trata-se apenas de um esforço para compreender que Deus "faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos ou injustos" (Mt 5, 45). A quem cabe julgar? A quem cabe condenar ou absolver? Certamente não a nós!

Esta quaresma é um tempo propício para mudarmos a nossa forma de ver as pessoas, de acolher o outro. Novamente repito: não se trata de acolher o pecado do outro, mas acolher o outro, apesar do seu pecado.


É interessante refletir sobre algo que, para nós cristãos, é uma verdade incontestável: Deus nos amou primeiro, e se Deus nos chama à Sua semelhança, como nos diz o evangelho de hoje, "deveis ser perfeitos como o vosso Pai é perfeito" (Mt 5, 48), precisamos também viver essa dinâmica de "amar primeiro", que nada mais é do que amar o próximo sem impor condições. Como o amor de um pai para com o filho. O pai é quem amou primeiro o filho, derrama sobre ele todo o seu cuidado, atenção, zelo e carinho. O filho, nos primeiros meses ou anos de vida, não tem qualquer conceito formado do que é amar, apenas recebe este amor do pai gratuitamente, e dele se alimenta. O pai (como a mãe) vive suas renúncias por causa do filho: noites mal dormidas, choros intermináveis, precisa renunciar muitas coisas que vivia antes de efetivamente se tornar um pai, porém faz tudo isso por amor, porque ama o filho. Da mesma forma nós somos chamados a viver este amor, que não impõe condições, que não espera nada em troca, muitas vezes um amor que não é correspondido, que se torna motivo de "piadas", mas um amor sincero, sustentado pelo amor de Deus, pela certeza de que, como cristãos, precisamos anunciar esse amor verdadeiro ao mundo.


É inconcebível a um cristão dizer: "eu vou te amar e te acolher quando você se converter e acreditar no que eu acredito, enquanto você não mudar de vida, não te amarei nem me relacionarei com você". Parece algo cruel, mas no fundo, mesmo que inconscientemente, temos essa mesma atitude quando olhamos para o mundo e vemos tantas desgraças, tantas pessoas praticando atos guiadas pela maldade e que, humanamente, não possuem qualquer chance de mudança de vida. E nós muitas vezes olhamos para essas pessoas e também não acreditamos que podem mudar, que há esperança, que também são filhos amados por Deus, que merecem a nossa oração, a nossa intercessão, que são templos de Deus, pois Deus habita em cada um desses corações.


Vejamos o grande exemplo de São João Paulo II que viveu na prática o evangelho de hoje, que visitou e perdoou o homem que tentou matá-lo. Vejamos a história de tantos santos, como Madre Teresa de Calcutá, que não se deixou levar pela indiferença de tantos, mas manteve-se firme. Vejamos o próprio Jesus, que aproximou-de de tantos pecadores, sendo firmes com cada um deles quando dizia "vai e não tornes a pecar", mas amando incondicionalmente. Soube ser sinal do amor de Deus, pelo Seu olhar e pelas suas atitudes.


Também nós somos acolhidos por Deus todas as vezes que nos aproximamos do sacramento da reconciliação, quando estamos "manchados" pelo pecado e somos recebidos, reconhecemos nossas faltas e perdoados, lavados pela misericórdia de Deus.


Enfim, amar incondicionalmente é algo exigente, mas é apenas a vivência prática daquilo que cremos. Que possamos neste dia refletir como estamos vivendo o amor ao próximo, que vai muito além de apenas "suportar" o outro, mas de encontrar nele a presença de Deus,

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