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Os meus olhos viram a Tua salvação!

  • Foto do escritor: Allan Dionisio
    Allan Dionisio
  • 2 de fev.
  • 3 min de leitura

O encontro com Deus nunca nos deixa da mesma forma! Ele é como o fogo que purifica a prata, queimando as suas impurezas, retirando tudo o que nos impede de ser verdadeiramente aquilo que fomos criados para ser. Essa purificação, porém, não acontece sem dor. Ao olharmos para dentro de nós, percebemos apegos, feridas, medos e zonas de conforto que resistem à ação de Deus. Muitas vezes, preferimos um Deus que nos consola, mas que não nos confronta. Queremos um Deus que nos abençoe, mas que não nos desacomode.

Mas Deus nos ama demais para nos deixar onde estamos! Ele vem como a luz, e essa luz não apenas aquece, mas também revela toda verdade sobre quem Ele é, revela a nossa própria verdade.

No segundo capítulo do evangelho de São Lucas encontramos o relato da apresentação do menino Jesus no Templo, por sua mãe, Maria Santíssima, e seu pai, São José. Ali encontramos o velho Simeão que proclama que Jesus é “luz para iluminar as nações”. A luz de Cristo não apenas nos conforta, mas também expõe o que precisa ser curado, transformado dentro de nós. Essa Luz nos convida à verdade, à transparência, à confiança, ao desapego, ao abandono das máscaras que construímos para nos proteger, para esconder as nossas "feiuras", a nossa miséria, a nossa humanidade.

A passagem do evangelho nos mostra que Simeão e Ana esperaram a vida inteira pela manifestação de Deus, o cumprimento de Sua promessa. Quantas vezes eles olharam ao redor e não viram nada além da rotina do Templo, das mesmas orações repetidas, dos mesmos sacrifícios oferecidos? Mas não desistiram. Esperaram com esperança. E porque esperaram, puderam ver o Messias que adentrava ao Templo, cumprindo inclusive a profecia de Malaquias: "Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe, quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar a prata".

Quantas vezes Deus passa diante de nós e não o percebemos? Esperamos que Ele venha de forma grandiosa, todavia Ele se manifesta no ordinário da nossa vida, se apresenta diariamente, nos pequenos desafios que nos amadurecem, nas pequenas renúncias que nos fazem crescer. Deus nos visita na oração silenciosa de cada manhã, na paciência diante das dificuldades, no perdão que escolhemos oferecer, no cuidado dos filhos, nos afazeres da casa, na vida profissional, nos desafios financeiros, enfim, o extraordinário que muitas vezes queremos ver acontece no nosso ordinário e para reconhecer a Sua presença, é preciso ter um coração disponível, alargado.

O velho Simeão sabia que aquela criança era o Salvador porque vivia em intimidade com Deus. Ele não olhou apenas com os olhos da carne, mas com os olhos da fé. Nós, tantas vezes, nos distraímos com aquilo que é superficial, corremos atrás de sinais espetaculares e não percebemos que Deus já está no mais profundo do nosso coração.

O encontro com Deus também nos coloca diante da realidade da cruz. A Virgem Maria escuta de Simeão que uma espada transpassará sua alma. Seguir a Jesus implica renúncia, entrega, um caminho que nem sempre será fácil! Mas é um caminho de plenitude. Quem confia na luz de Deus não teme as sombras do caminho. Quem se deixa purificar pelo fogo da graça não se apega ao que é passageiro.

O desafio da vida cristã é esse: abrir as portas para que o Rei da Glória entre, alargar os nossos corações para que o Rei dos exércitos possa adentrar. Mas Ele só entrará se deixarmos. Ele só transformará as nossas vidas se nós nos permitirmos ser transformados por Ele. O que, hoje, ainda impede que Cristo reine plenamente em sua vida? Que espaços ainda estão fechados à luz d'Ele?

Deus não nos pede perfeição, mas disponibilidade, abertura de coração. Ele mesmo nos purifica, nos molda, fazendo de nós novos homens! Nossa única tarefa é confiar e se abandonar nos seus braços de Pai, na confiança de que Ele tudo pode realizar.

Que possamos, como Simeão e Ana, viver com o coração disponível, atentos à presença do Senhor, para que, no dia em que Ele passar por nós – e Ele passará! –, possamos reconhecê-Lo e acolhê-Lo como nosso tudo.


“Ó portas, levantei seus frontões! Elevai-vos, antigas portas, para que entre o Rei da Glória!”

 
 
 

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