O Caminho da Conversão e a Humildade
- Allan Dionisio
- 20 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
No Evangelho de hoje vemos duas situações: primeiro o chamado de Levi, segundo a refeição de Jesus com os pecadores e publicados na casa de Levi.
Jesus chama para segui-lO Levi, um cobrador de impostos, um homem que, pela função que exercia, era duro e cruel com as pessoas. Mas quando Jesus chega até ele e fita o Seu olhar de amor sobre ele, de alguma forma essa atitude de Jesus muda algo em seu interior ao ponto de que, ao ouvir a voz de Jesus que lhe disse "segue-me!", imediatamente levantou-se, deixou tudo e pôs a seguir Seus passos.
É assim o chamado de Deus em nossa vida. Todos nós possuímos a vocação à santidade, porém Deus dá a cada um de nós uma forma específica para alcançar esta santidade, a fim de que a vontade de Deus se realize de forma plena em nossas vidas.
Uns são chamados ao matrimônio, outros ao celibato e tantos outros ao sacerdócio. Ouvir a voz do Senhor que nos chama e deixar-se ser conquistado por Ele, fitado por Seu olhar é fundamental na nossa resposta a esse chamado.
O aspecto mais importante neste chamado de Jesus e, talvez o mais essencial ensinamento que podemos tirar deste primeiro trecho do evangelho de hoje é que Jesus não faz acepção de pessoas, não chama apenas os mais santos, os mais puros, aqueles que se acham perfeitos, até porque tal pureza, tal grau de santidade só é possível à partir do seguimento de Cristo, é à partir deste chamado, trilhando os passos do Senhor, que vamos, pouco a pouco, crescendo em santidade e em graça diante do Senhor. Sem esse seguimento não é possível ser santo!
Todos, sem excessão, são chamados por Jesus para serem apóstolos e discípulos, todos nós possuímos a vocação à santidade. Perceba que Levi deixou tudo para trás, ou seja, ao ouvir a voz do Senhor ele abandona o homem velho, renuncia a vida velha e passa a trilhar o caminho da santidade, matricula-se na escola de santidade, cujo mestre é o próprio Jesus.
É aqui que fazemos a ponte com o segundo trecho do Evangelho de hoje: Jesus toma a refeição na casa de Levi acompanhado de publicados e pecadores.
Levi, após ter sido chamado por Jesus para ser seu discípulo oferece em sua casa uma grande festa e convida inúmeros publicanos e pecadores. É certo que o encontro de Levi com o Senhor foi tão profundo que em seu coração havia a necessidade de transbordar, de exteriorizar essa alegria e plenitude para todos aqueles que eram próximos a ele.
Vejamos: aquele que faz a experiência do encontro com Jesus alimenta em seu coração uma vontade latente de evangelizar, é uma obrigação que se impõe a todo aquele que é discípulo de Jesus. Esse desejo de levar Jesus ao conhecimento de todos começa dentro da nossa casa, com aqueles que são mais próximos de nós e vai se expandindo com o passar do tempo. Era exatamente isso que Levi proporcionada naquele momento para as pessoas que eram próximas a ele, levá-los a conhecer Aquele que o amou primeiro, que o fez deixar para trás a vida velha para trilhar o caminho rumo a uma nova vida.
Ea chegamos ao ponto crucial deste Evangelho. Os escribas e fariseus ficaram chocados ao ver Jesus comendo e bebendo com os pecadores e fariseus. Ao perceber isso o próprio Jesus lhes diz: "os sãos não têm necessidade de médico e sim os doentes, não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento"(Lc 5, 27-32).
Que resposta precisa e esclarecedora Jesus oferece aos escribas, aos fariseus e também para nós! Ele veio chamar os humildes, aqueles que reconhecem o caminho errado que estão trilhando, que possuem a humildade de olhar para si mesmos e perceber que precisam do Senhor, por isso se arrependem da vida "tortuosa"e, a partir da experiência com o Senhor, passam a trilhar o caminho reto.
Podemos achar que, por conta desta resposta, Jesus não se preocupe com aqueles que já estão trilhando o caminho para a vida de santidade, mas tão somente com os pecadores com os transviados. Engana-se quem pensa assim! Jesus veio para todos, chama todos ao arrependimento!
Todos nós, sem excessão, somos pecadores, todos precisamos reconhecer essa verdade: somos pecadores e necessitamos do Senhor. Essa dinâmica de se reconhecer fraco, limitado, pecador, necessitado do Senhor chama-se HUMILDADE. Sem ela torna-se impossível ser tocado, ser fitado pelo olhar amoroso de Cristo.
Se não temos a humildade de reconhecer que não somos perfeitos é porque temos certeza dentro de nós de que somos autosuficientes, santos, irrepreensíveis e portanto não precisamos de um salvador, não precisamos de um médico, porque não estamos doentes. Nos achamos os melhores, possuímos grandes virtudes que nos dão o direito de nos acharmos melhores que os outros e por isso podemos apontar o dedo para aqueles que estão abaixo de nós, julgando-os e condenando-os ao fogo do inferno. Pobres de nós se assim vivemos! Que exemplo de santidade damos? Que evangelização estamos fazendo? Não precisamos acolher o pecado do outro, mas é fundamental acolher o outro como ele está para então mostra-lhe, a partir do nosso testemunho, a Verdade, para que o outro também queira fazer esta experiência de amor com o Senhor.
Veja que Jesus aproxima-se dos pecadores não porque compartilhava da vida errada que viviam, mas porque era luz no meio deles e, aos que tinham a humildade de reconhecer seus erros, Jesus os chamada ao arrependimento e a uma vida nova.
Por fim fica o ensinamento de Jesus para nós hoje: todos nós somos pecadores e necessitamos do Senhor. Peçamos a Deis a graça da humildade a fim de buscarmos viver o arrependimento a cada dia, principalmente neste tempo favorável da quaresma.
Dai-nos Senhor a graça da humildade e do arrependimento!
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