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Jejum agradável a Deus

  • Coisas do Alto
  • 19 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

Na liturgia de hoje o Senhor vem em nosso auxílio para nos revelar qual jejum O agrada, como devemos nos portar e quais são os frutos que colhemos desta prática.


No evangelho observamos que os apóstolos de João Batista indagam Jesus acerca do motivo pelo quais os seus discípulos não jejuam. Em resposta Jesus diz que haverá um tempo e que sim, eles jejuarão. Este tempo é agora e nós, como discípulos de Jesus, devemos sim praticar o jejum.


Infelizmente a prática do jejum, para muitos católicos caiu em "desuso", como se fosse algo arcaico, ultrapassado. Talvez essa consciência se dê pela falta de conhecimento da doutrina da Igreja, ou por uma catequese superficial.


O jejum é sim uma prática atual e, neste tempo quaresmal, temos a oportunidade de intensificá-lo, principalmente às sextas-feiras.


Voltando ao evangelho, a resposta de Jesus deixa claro que os seus discípulos não jejuavam não porque não precisavam ou estavam dispensados desta prática, mas pelo fato de que o Noivo, Nosso Senhor Jesus Cristo, estava com eles, mas haveria um tempo em que o Noivo seria tirado do meio deles (aqui vemos novamente a prefiguração da paixão de Jesus) e então eles jejuariam.


Vivemos tempos difíceis onde o demônio tem usado de todas as formas para desviar os filhos de Deus do caminho de santidade, seja atacando a moral cristã ou desvirtuando a Verdade. E muitas vezes nos deixamos levar, de forma muito sutil, por discursos que buscam a relativização da fé, a banalização do Sagrado, a desconstrução da moral e dos bons costumes. Com tudo isso, nos encontramos em meio a uma guerra e o jejum, como prática cristã, é uma ferramenta poderosa na luta contra o mal, na busca da santidade, no domínio de nossas tendências e na transformação da nossa maneira de viver e ser no mundo.


Na primeira leitura, no livro de Isaías, Deus nos revela qual jejum é agradável aos Seus olhos. Tal jejum deve ser vivido como forma de mortificação, como meio que nos aproxima de Deus e converte o nosso coração a fim de que toda a nossa vida seja transformada: atitudes e comportamentos. Quando estamos em jejum precisamos tem em mente que todo pequeno "sofrimento" vivido pela abstenção do alimento, deve ser oferecido a Deus em remição dos nossos pecados, como oferta agradável. Por isso, não podemos viver o dia em que estamos em jejum de qualquer forma, é preciso recolhimento, silêncio e oração, caso contrário será um dia como outro qualquer, vivido na correria das responsabilidades do dia, quando percebemos o dia já acabou e nem nos lembramos que estávamos em jejum.


Jejuar simplesmente para cumprir um preceito não possui valor algum, pois não podemos viver as coisas de Deus de forma legalista, mas por amor a Ele.


O Jejum que transforma


Vejamos o que nos diz um pequeno trecho da primeira leitura de hoje:


"Por acaso não consiste nisto o jejum que escolhi: em romper os grilhões da iniquidade, em soltar as ataduras do jugo e por em liberdade os oprimidos e despedaçar todo jugo? Não consiste em repartir o teu pão com o faminto, em recolher em tua casa os pobres desabrigados? Em revestir aquele que está nu?" (Isaías, 58, 6-7)


Vejamos que o Senhor deixa claro que o jejum deve transformas nossas ações. Isso é assim, pois o jejum verdadeiro é aquele que nos assemelha a Deus, por qual motivo jejuaríamos se não fosse essa a finalidade? Não sejamos enganados por "falsos" conceitos de jejum, embasados em "teologias" condenadas pela Igreja que desvirtuam o verdadeiro propósito da fé e da nossa vivência no mundo. Deus é amor e todo jejum deve ser vivido com o auxílio da Caridade Divina. Se vivido apenas com o esforço humano, não passa de vaidade e egoísmo.


Assim, precisamos ter em mente que a vivência do jejum deve realizar uma transformação interior em nós a tal ponto que transborde para o mundo exterior. A conversão deve ser vivida na prática e não apenas no mundo das ideias, mas esse processo inicia-se interiormente, não se resume apenas no exterior (uma "conversão exterior", revolução social, etc).


Quando lemos este trecho de Isaías deve ficar claro em nosso coração que é preciso renunciar a toda hipocrisia. Como posso viver o jejum e a oração sem a caridade? Como é possível ao cristão jejuar e ao mesmo tempo não repartir o pão com aqueles que precisam, auxiliar os necessitados em suas necessidades, viver a caridade e a bondade com o próximo? Ao menos para mim, uma vivência assim foge daquilo que é correto. Porém volto a lembrar: não podemos achar que viver apenas as "obras" é o suficiente, pois da mesma forma que a fé sem obras é morta, a obra, sem a fé, que dá sentido na vivência de todas as coisas, é apenas esforço humano que alimenta nossa vaidade.


Vemos por ai pessoas que dizem: "vou fazer o jejum da língua, pois tem o mesmo valor". Ora, isso não é jejum, até porque não fazemos jejum de pecado, o pecado deve ser combatido a todo instante e não apenas em um período, tal argumento beira a hipocrisia. O jejum, como manda a santa igreja, é abster-se do alimento com o objetivo de converter o nosso coração, de oferecer a Deus um sacrifício em reparação aos nossos pecados, de exercitar o domínio da nossa carne. Através do Jejum podemos sim, lutar contra o pecado, principalmente da maledicência e do julgamento ao próximo, atitudes tão inerentes à nossa condição humana.


Que possamos neste dia viver o jejum de forma frutuosa, oferecendo-o a Deus em reparação aos nossos pecados, a fim de colhermos os frutos de tal prática cristã.


O que diz o Código de Direito Canônico sobre o jejum?


Cân. 1249 - Todos os fiéis, cada qual a seu modo, estão obrigados por lei divina a fazer penitência, mas para que todos estejam unidos mediante certa observância comum da penitência, são prescritos dias penitenciais, em que os fiéis se dediquem de modo especial à oração, façam obras de piedade e caridade, renunciem a si mesmos, cumprindo ainda mais fielmente as próprias obrigações e observando, principalmente, o jejum e a abstinência, de acordo com os cânones seguintes.


Cân. 1250 - Os dias e tempos penitenciais, em toda a Igreja, são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma.


Cân. 1251 - Observe-se a abstinência de carne ou de outro alimento, segundo as prescrições da Conferência dos Bispos, em todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; observem-se a abstinência e o jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo

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